Depois de uma relativa ausência, eis que a Pastora tenta escapar do mundo dos mortos-vivos (a.k.a. mundo do trabalho) para mergulhar de chapão no seu mundo virtual e quiça autista, que é o seu blog pessoal.
Este post em particular, está impregnado, acima de tudo, de um grande sentido de dever. E isto porque a Pastora sente-se em dívida para com os seus leitores. Ora, a verdade é que tive o privilégio de ir ao concerto dos Eels, no passado dia 19, como os leitores poderão depreender pelos meus anteriores posts. No entanto, devido a uma enorme falta de tempo e disponiblidade mental, não preenchi essa grande lacuna que foi reportar a minha experiência do concerto.
O espectáculo em si começou de modo relativamente inesperado. Qual não é a surpresa da Pastora quando em vez de músicos, vê subir ao palco um boneco assustador a ser enrabado pela mão do ventríloquo que o acompanhava. Ainda que tenha simpatia pelo ventríloquo e aprecie o esforço que implica este tipo de trabalho, terei de ser honesta… foi a parte mais aborrecida da noite.
Adiante… a primeira parte, assegurada pela portuguesa Emy Curl, foi bastante interessante. Com um aspecto zen-excêntrico, Emy, de cabelo cor de fogo, mostrou-se senhora de uma grande voz. A sua música, envolta numa aura docemente melancólica, acompanhou na perfeição a sonoridade acústica da guitarra, produzindo um efeito bastante soothing para o público. Ainda que tenha achado as músicas de grande qualidade, tenho apenas um dedo a apontar a Emy. Quanto a mim, as suas músicas pecam sobretudo por ter uma sonoridade muito semelhante, ou seja, é difícil fazer distinção entre as diferentes músicas, parecendo de alguma forma, que existe apenas uma música, que é tocada e cantada de maneira ligeiramente diferente de cada vez.
Depois de todos estes aperitivos, finalmente o prato principal! Os primeiros acordes da guitarra surgem ainda nos bastidores, servindo de música ambiente à entrada de Mr. E em palco. Que, by the way, estava com um aspecto estranhíssimo. Com um fato-de-macaco branco (daqueles que só os homens das limpezas e os assassinos em série usam), uma bandana azul escura enfiada até quase aos olhos, óculos escuros e uma barba preta e densa como o breu, Mr. E parecia literalmente um dos Wolf Boys do México. Independentemente do seu aspecto peculiar, Mr. E e as restantes Enguias (que também tinham todos barba e óculos escuros), deram ao público um bom espectáculo, com direito a barrinhas de cereais e tudo (pelo menos penso que foi isso que ele atirou para o público). Numa onda claramente mais aguitarrada, os Eels ofereceram uma sonoridade dentro do estilo good old rock n’ roll. Das várias músicas presentes no alinhamento, lanço o destaque para o Souljacker Part 1, That Look You Give That Guy, Fresh Blood (Aauuuuuu!), Prizefighter e Summer in the City, originalmente dos Lovin’ Spoonful. Deixo aqui também uma nota positiva para o Knuckles, actual baterista de serviço de Mr. E, pelo grande desempenho.
No final, ainda lá tentei ir às traseiras do Coliseu pedir ao Mr. E para me autografar o livro (Things the Grandchildren Should Know), mas os macacões vestidos com pólos laranja (os seguranças) mentiram-me à cara podre, dizendo que a banda já tinha saído. Enfim, resignei-me e virei costas. O que havia de fazer… ? No entanto, pelo meio ainda lá encontrei o Fernando Alvim (que eu desconfio seriamente que conserva, ou restos de líquido amniótico, ou baba do Alien no cabelo) e o Nuno Lopes, que por acaso tinha uns ténis da Abbibas (a.k.a. Addidas) iguaizinhos a uns que eu queria.
And that’s it, folks!